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  • Foto do escritorSamuel Pinheiro

DOMÍNIO de TOM HOLLAND

Cada livro ou texto, filme ou imagem, relacionamento ou interação, interage com o meu mapa conceptual e a minha cosmovisão.




Depois de 600 páginas lidas não sou das pessoas privilegiadas que conseguem reter uma parte substancial das ideias apresentadas. A minha memória é reduzida e por isso desenvolvi estratégias para compensar. Sou mais do género de enquadrar o que leio na estrutura base do meu pensamento que procuro seja o mais dinâmica possível, o que me gera uma série de dificuldades. Cada livro ou texto, filme ou imagem, relacionamento ou interação, interage com o meu mapa conceptual e a minha cosmovisão. No caso do livro DOMÍNIO de Tom Holand, sobre “como o cristianismo transformou o pensamento ocidental” o grande ausente no meu entender, é a pessoa de JESUS CRISTO, e não deveria haver cristianismo sem JESUS CRISTO. Mas o facto é que o cristianismo de que estamos envolvidos e do qual se fala é tudo menos JESUS CRISTO. Muita tradição, religiosidade popular, sincretismo, teologia filosófica, mas muito pouco ou quase nada de JESUS CRISTO. Por isso este pseudo-cristianismo falhou e continua a falhar. Do meu ponto de vista precisamos levar cada pessoa, cada familiar, amigo ou colega, cada pessoa não ao cristianismo, mas direta e pessoalmente ao conhecimento de JESUS CRISTO, tal e qual Ele nos é apresentado nos 4 evangelhos e em todo o Novo Testamento, e a partir daí a todo o Velho Testamento que só pode ser compreendido a partir Dele. Um dia a jornalista Fernanda Câncio do Diário de Notícias, por altura das festas natalícias, perguntou-me qual seria a postura de Jesus se voltasse fisicamente à Terra. Respondi-lhe que porventura não seria cristão. O silêncio do outro lado da linha acusou a provocação. JESUS continua JESUS fora de qualquer esquema religioso.


"Finalmente é em JESUS que temos todas as condições para vivermos de acordo com os Seus ensinos na síntese maior do amor a Deus e ao próximo como a nós mesmos. É aí que surge uma nova sociedade, um novo reino, uma nova comunidade; por oposição a uma cultura de ódio, egocentrismo, guerra, tortura, bullying, morte, violência, racismo, exclusão, segregação."

JESUS CRISTO crucificado e ressurreto é a essência do evangelho que demarca o contraste absoluto entre a condição de violência e morte que atravessa toda a história da humanidade desde a morte de Abel até aos nossos dias. A violência brutal que multiplica milhões de mortos pela guerra e pela fome a cada onda de um mar revolto sedento de sangue, como manifestação do poder louco de construir impérios que de um momento para o outro se esboroam com castelos de areia. Essa realidade percorre todo o livro “Domínio” e também “A Mais Breve História da Rússia dos eslavos a Putin”, de José Milhazes. Tom Holand descreve alguns modos de tortura que provocam náuseas. Alguma obra que se dedique a recolher toda essa irrupção dos infernos certamente abalaria a saúde mental de qualquer um, e eu não sei se aguentaria lê-lo. Na minha escola há alguns anos um colega promoveu uma exposição sobre a maquinaria selvática de tortura usada pela inquisição. Infelizmente a criatividade e inovação bestial dos homens deixa os animais confusos e toda a natureza envergonhada e com repulsa. JESUS, Deus e Homem, veio manso e humilde de coração, sofreu não apenas física e emocionalmente, mas principalmente no espírito, todo esse horror. JESUS mostrou pessoalmente como é possível viver de um modo diferente, denunciou os falsos poderosos, e tornou possível que todos, sem exceção, podem viver de igual modo, não pela força bruta mas pelo poder do amor. Como o apóstolo Paulo escreve em várias das suas cartas, senão em todas, de modos diferentes, mas insistindo na mesma essência:

- Decidi que falaria apenas de Jesus Cristo e da sua morte na cruz. (I Coríntios 2:2 – O Livro).

- Foi através da Lei que eu fui levado a reconhecer que estava morto perante ela; consequentemente fiquei livre para viver para Deus. Eu estou crucificado com Cristo; e apesar de continuar a viver, já não é o meu eu que domina, mas é Cristo que vive em mim. E o resto da minha existência nesta terra é o resultado da fé que eu tenho no Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim. (Gálatas 2:19,20 – O Livro).

- Os judeus pedem sinais milagrosos e os gentios procuram sabedoria. Mas, quanto a nós, pregamos que Cristo foi crucificado, os judeus escandalizam-se e os gentios dizem que é loucura. Mas para aqueles que foram chamados para a salvação, tanto judeus como gentios, Cristo é a força poderosa e a sabedoria de Deus. O plano de Deus, considerado louco, é afinal bem mais inteligente do que o mais sábio dos planos construídos pelos homens. E Deus, naquilo que os homens podem considerar como fraqueza, é bem mais forte do que qualquer força humana. Reparem, irmãos, que mesmo no vosso meio, entre os que seguem a Cristo, são poucos os sábios segundo critérios humanos, os que pertencem a altos estratos sociais ou têm poder e riquezas. Pelo contrário, pois Deus escolheu de propósito as coisas que o mundo considera loucas para envergonhar aqueles que pensam ser sábios e escolheu as pessoas fracas para envergonhar as que têm poder. Deus escolheu as coisas que no mundo são insignificantes, as desprezíveis e as que não são nada, e usou-as para aniquilar as que são alguma coisa, para que ninguém se orgulhe seja do que for na presença de Deus. É por ele que vocês estão em Jesus Cristo. Ele tornou-se a sabedoria de Deus para nosso benefício. Foi ele quem cumpriu para nós a justiça de Deus; tornou-nos santos e deu-se a si próprio para nossa redenção. Tal como dizem as Escrituras: “Quem se quiser gloriar, glorie-se no Senhor.” (I Coríntios 1:22-31 – O Livro).


Na pessoa de JESUS temos uma outra condição, natureza e essência, outro modelo de vida, outro princípio, outros valores. JESUS recusa tudo o que a sociedade propõe e impõe. Em Jesus temos o Servo que veio com o propósito específico de dar a Sua vida, e voltar a tomá-la. Não é a morte que vence, mas o amor e a justiça divina. O próprio o afirmou perentoriamente:

- Mas Jesus reuniu-os e disse: “Como sabem, os líderes entre os gentios dominam sobre eles e os grandes tratam-nos autoritariamente. No vosso meio, porém, não será assim. Quem quiser ser grande no vosso meio será vosso servo. E quem quiser ser o primeiro no vosso meio será como vosso escravo. A vossa maneira de proceder deve ser a mesma do Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgate de muitos.” (Mateus 20:25-28 – O Livro).


Da leitura de “DOMÍNIO” reforçou-se a convicção de que toda a História deve ser lida à luz da Grande História que culmina cruz. O Velho Testamento só pode ser compreendido através do que o próprio Deus decidiu, sem nenhuma exigência exterior, mas como a espontânea decisão da Sua natureza intrínseca. Nada exterior influenciou a Sua decisão. Não havia um plano B. E não há um plano B. Só a morte substitutiva, expiatória e redentora de JESUS nos abre a porta do Seu reino e dos céus. A vinda de JESUS a esta terra e toda a história bíblica culmina na Sua crucificação – para isso veio. A cruz expressa o absoluto amor de Deus contra o absoluto do mal gerado na desobediência, e a vitória completa sobre a morte, a garantia da reconciliação com o propósito divino original para todos os que confiam em JESUS para uma nova vida em obediência ao Seu ensino que Ele mesmo viveu, em conformidade com quem Ele é.

- Agora, irmãos, permitam-me que vos lembre o evangelho que vos preguei desde o princípio, que aceitaram e no qual permanecem! São essas boas novas que vos salvam, se nelas crerem firmemente. Doutra maneira, terão crido em vão. Eu transmiti-vos no princípio o que era mais importante e que também me foi transmitido: que Cristo morreu pelos nossos pecados, conforme as Escrituras, foi sepultado e três dias depois ressuscitou dos mortos, conforme as Escrituras. (I Coríntios 15:1-4 – O Livro).

- Quando isto acontecer (quando os nossos perecíveis corpos terrenos forem transformados em corpos celestiais que nunca morrerão), então se cumprirá o que diz a Escritura: “A morte foi tragada na vitória.” “Onde está pois, ó morte, a tua vitória? Onde está o teu aguilhão?” Porque o aguilhão da morte reside no pecado e o poder do pecado está na Lei. Como estamos gratos a Deus por tudo isso! Foi ele quem nos tornou vitoriosos por meio de Jesus Cristo nosso Senhor! (I Coríntios 15:54-56 – O Livro).


A nossa própria criação e existência, o nosso passado, presente e futuro tanto temporal como eterno só pode ser compreendido à luz de JESUS crucificado e que ressurgiu. O desígnio segundo o qual fomos criados só pode ser entendido à luz dos mesmos factos. A condição em que fomos criados, à imagem e semelhança de Deus, é entendida na pessoa de JESUS que nos mostra quem fomos criados para ser, e o que podemos ser pela nova criação que através Dele alcançamos. Nascermos de novo e sermos feitos filhos de Deus como Ele mesmo declarou.

- Esteve neste mundo, que foi criado por ele, mas não o conheceram. Veio para o seu povo e os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus. Bastava confiarem nele como Salvador. Esses nascem de novo, não no corpo nem de geração humana, mas pela vontade de Deus. A Palavra tornou-se homem e viveu aqui na Terra entre nós, cheio de amor e perdão, cheio de verdade. E vimos a sua glória, a glória do Filho único do Pai. (João 1:10-14 – O Livro).

- Havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um líder dos judeus. Este foi ter com Jesus de noite e disse-lhe: “Mestre, todos sabemos que Deus te enviou para nos ensinares e bastam os teus sinais para o provar.” Jesus retorquiu: “É realmente como te digo: quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus.” “Que queres dizer com isso?”, perguntou Nicodemos. “Como pode uma pessoa voltar para o ventre da sua mãe e nascer outra vez?” Jesus respondeu: “É realmente como te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. Os homens só conseguem reproduzir vida humana, mas o Espírito Santo dá vida espiritual. Por isso, não te admires de te ter dito que precisas nascer de novo. Assim como ouves o vento, mas não sabes donde vem nem para onde vai, assim se passa com aquele que é nascido do Espírito.” “Como é que isso pode ser?”, perguntou Nicodemos. Jesus respondeu: “Então tu, um respeitado mestre de Israel, não compreendes estas coisas? Estou a dizer-te aquilo que sei e vi e, contudo, não queres acreditar. Se não acreditas em mim, quando te falo destas coisas que acontecem aqui entre os homens, como poderás crer se te falar de coisas celestiais? (João 3:1-10 – O Livro).

- Se alguém está ligado a Cristo transforma-se numa nova criatura; as coisas antigas passaram; tudo nele se fez novo! (II Coríntios 5:17 – O Livro).

- Vejam como o nosso Pai celestial nos ama, a ponto de permitir que sejamos chamados seus filhos! Mas o mundo não compreende que realmente sejamos seus filhos, porque não conhece a Deus. Sim, queridos amigos, agora somos filhos de Deus, mas ainda não foi revelado como haveremos de ser mais tarde. Mas isto sabemos: quando ele vier, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como é. Todo aquele que tem esta esperança procura permanecer puro, tal como Cristo é puro. (I João 3:1-3 – O Livro).


Finalmente é em JESUS que temos todas as condições para vivermos de acordo com os Seus ensinos na síntese maior do amor a Deus e ao próximo como a nós mesmos. É aí que surge uma nova sociedade, um novo reino, uma nova comunidade; por oposição a uma cultura de ódio, egocentrismo, guerra, tortura, bullying, morte, violência, racismo, exclusão, segregação.

- Ao que Jesus respondeu: “ ‘Ama o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento.’ Este é o primeiro e o maior dos mandamentos. O segundo é parecido: ‘Ama o teu próximo como a ti mesmo.’ Todos os outros mandamentos e preceitos da Lei e dos profetas nascem destes dois.” (Mateus 22:37-40 – O Livro).


O livro termina num anticlímax com o autor a dar o seu testemunho da influência bíblica desde tenra infância pela sua madrinha Deborah Gillingham que morreu em 2009. Deixo aqui dois apontamentos: “Comprou-me a minha primeira Bíblia infantil, escolhida carinhosamente porque tinha ilustrações com faraós e centuriões e ela conhecia-me suficientemente bem para saber que essa era a melhor maneira de garantir que eu a lia.” (p. 591). “Quando eu era criança, tinha uma única obsessão – e não eram histórias da Bíblia. A minha madrinha, porque era uma mulher bondosa e carinhosa, com muita experiência com rapazinhos e as suas obsessões, não ficou minimamente desapontada com o facto de eu só me interessar por animais pré-históricos.” (. 593). “Não pensei que a voltaria a ver. E também não pensei que nos veríamos novamente no Céu, como ela esperava. Só os átomos e a energia que tinham constituído o seu ser, e que existiam desde o princípio do Universo, perdurariam. (…)” Inevitavelmente lembrei-me do cientista Francis Collins que escreveu o livro “A Linguagem de Deus” que coordenou o projeto da descodificação do genoma humano, e cujo testemunho foi publicado na revista Novas de Alegria de março, páginas 6 a 9, e que se voltou para Deus quando cuidou de uma paciente que em estado terminal demonstrava uma fé vigorosa em JESUS, o que ele com todo o seu conhecimento não se sentia preparado para enfrentar. Duas histórias, duas atitudes, sendo que a diferença não está na ciência, mas na decisão diante da vida e da morte a partir de JESUS.

- Venham a mim todos os que estão cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Levem o meu jugo e aprendam de mim, porque sou brando e humilde, e acharão descanso para as vossas almas; pois só vos imponho cargas suaves e leves.” (Mateus 11:28-30)


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