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Foto do escritorSamuel Pinheiro

MATAR EM NOME DE DEUS

Não posso negar que tenho dificuldade com o Velho Testamento que se mata em nome de Deus, e Deus exerce “justiça” em direto provocando a morte instantânea de pessoas, ou doenças como a lepra.

Só consigo ver esses acontecimentos da parte de Deus, à luz do que sucedeu na morte de JESUS na cruz. Se Deus não poupou o Seu próprio Filho a favor de nós, o pecado é um assunto bem sério que só Ele o podia resolver tomando sobre si as nossas transgressões, conforme o Novo Testamento refere. O mistério da justiça e do amor de Deus.

DEUS É DEUS. Não tem que nos dar qualquer justificação das Suas decisões. Só Ele conhece o passado, o presente e o futuro, e intervir de tal modo que sejam minimizadas consequências que só estão no domínio da sua omnisciência. A nossa vida pode ser abreviada, ou os nossos dias prolongados. Quem decide? Nós podemos pensar que intervimos no suicídio que agora se quer assistido ou na eutanásia, exigir que médicos interrompam a nossa vida de modo “suave” e “sereno” – será? Só Deus sabe! Pelo menos aspira-se a ser dono da vida e da morte, o que só a Deus como criador pertence. Mas que esses relatos e ordens divinas me incomodam, não posso deixar de confessar que sim. Afinal estou a confessar que Deus seja Deus, em toda e qualquer situação. Acredito que Deus entende esta minha perplexidade. Mas é esse mesmo Deus na forma humana, JESUS CRISTO, que permite, consente, aceita o julgamento religioso e político, e se deixa morrer às mãos de iníquos. Mas Ele próprio diz que veio para tal, e que não foram os homens que tiraram a sua vida, nem que morreria como mártir, mas como Salvador e redentor. A maior injustiça foi cometida. Mas JESUS perdoou aos seus algozes. E Jesus dizia: ‘Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!’” (Lucas 23:34 – O Livro).


Qualquer inferência das Escrituras Hebraicas para os dias de hoje, não tem qualquer respaldo depois de Jesus Cristo, no tempo da Igreja e da separação da Igreja do Estado.



A antiga e sempre aprimorada arte de matar, ou a propósito das metodologias usadas hoje na Ucrânia – Paulo Mendes Pinto

E tudo quanto havia na cidade destruíram totalmente ao fio da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho, e até ao boi e gado miúdo, e ao jumento. Relato bíblico da destruição de Jericó (Josué 6, 21).

(…) Mas esta constatação não nega outra verdade insofismável: os mesmos seres, da mesma espécie, são também exímios no uso da violência e na capacidade de espalhar a morte. Quem estuda História, facilmente vê diante de si banalizarem-se situações que ao abrigo dos nossos valores são absurdas. Seja a grande coligação que dizimou os Assírios em Nínive, a insana conquista de Cartago pelos romanos, ou a destruição de Jericó a mando de Deus. Muitos seriam os exemplos de grandes mortandades, de chacinas e genocídios. (…)


Estes e outros textos são passagens que considero difíceis no texto bíblico, mas que O AUTOR não se coibiu de incluí-los na Sua revelação à humanidade.


Se alargarmos a análise e compreensão de tudo o que na história ocorreu e ainda ocorrerá ao princípio de que o que Deus permite Ele determina, então sempre podemos ver a intervenção divina em todas as guerras e catástrofes, sendo necessário conjugar a soberania do Criador com a responsabilidade humana. Esta articulação não é fácil para nós que temos uma visão temporal e circunstancial da história sabendo como os seres humanos buscam um entendimento transversal da mesma. Da perspetiva bíblica, com todas as lacunas da nossa parte, existem vários princípios dos quais a concretização do plano da salvação se destaca antes de tudo o mais; a experiência de alguns personagens e episódios de que Deus transforma o mal em bem; que Deus nos livra das e nas situações o que sempre pressupõe e evidencia fé na providência divina; a “chave hermenêutica” que é a presença física do Filho de Deus e da Sua morte expiatória, ressurreição, ascensão e promessa de segunda vinda num horizonte escatológico de paz e harmonia, de amor e justiça, de verdade e santidade.


Qualquer dissecação de um acontecimento como este remete-nos para um tempo longínquo que não pode ser repetido em qualquer outro momento, ele decorre da saída do povo de Israel do Egito em que se encontrava escravo e da Terra Prometida em que Abraão peregrinou sem um palmo de possessão e até para enterrar Sara pagou o preço justo pelo espaço necessário. Segundo a leitura do Velho Testamento conclui-se que Israel nunca foi um povo imperialista e expansionista.


Uma outra informação que embora longe de dominar o assunto, é a da brutalidade de alguns povos da região e dos impérios que foram surgindo e apertaram Israel de todos os lados, sendo que o seu escape era JEOVÁ, e a sua obediência aos mandamentos estabelecidos e com base nos quais seriam abençoados. Desses mandamentos como refere Jeremias fazia parte o julgamento justo, o livramento e do oprimido da mão da opressão, que poderíamos traduzir por justiça social (Jeremias 21:12). Cito também o texto do capítulo seguinte 22:3-5 – “Diz o SENHOR: sê puro de intenções e faz o que for justo! Apoia os que precisam de justiça! Deixa de vez as tuas más ações! Protege os direitos dos estrangeiros, dos órfãos e das viúvas e para de matar inocentes! Se puseres um fim a todos estes terríveis atos que estás a praticar, então livrarei esta nação. Mais uma vez darei reis para se sentarem no trono de David e haverá prosperidade para todos. Mas se recusarem dar atenção a este aviso, garanto-vos, pelo meu próprio nome, diz o SENHOR, que este palácio se tornará num verdadeiro açougue.”


Neste quadro conceptual entendem-se também os momentos em que Israel ficou sob o domínio dos impérios de então, e em que os próprios profetas declararam da parte de Deus que não se deviam opor porque a devastação seria terrível e não podiam contar com a defesa divina até que um determinado número de anos decorresse (Daniel 9; Jeremias 25:11, 29:10; Zacarias 1:12; II Crónicas 36:21).


O próprio Jesus falou da destruição de Jerusalém que ocorreu no ano 70 D.C. e da nação de Israel que apenas terminou em 1948, e cujas história continua a ser marcada politicamente por uma instabilidade que no entender de muitos comentadores bíblicos e em cuja linha de interpretação me identifico, só a segunda vinda de Jesus resolverá para sempre.


Permitam-me ainda reconhecer que o que mais me confronta é a “dureza” de Deus para com o Seu próprio povo quando este se desviava dos princípios espirituais, morais e éticos, sociais e sanitários que por Moisés lhes tinham sido dados. Toda uma geração ficou no deserto e não entrou na Terra Prometida incluindo Moisés, por razão diferente, à exceção de Josué e Calebe. O modo como Deus lidou com o povo, com famílias e com pessoas no êxodo incluindo Arão que podemos considerar o adjunto de Moisés, e Miriam a sua própria irmã. Deus tinha-lhes dito que não era por serem melhores do que os povos que habitavam a região que iam receber a terra que manava leite e mel, e que seriam tratados do mesmo modo ao desobedecerem e ao colocarem-se fora da graça com que estavam a ser tratados.


O TEMA MERECE UM MAIOR DESENVOLVIMENTO E DETALHE, mas para não ficar fora do prazo temporal adianto apenas algumas notas reconhecendo a dificuldade do assunto para nós hoje distantes dos acontecimentos e do seu contexto, embora em JESUS como Deus e Homem entre nós, tenha pelo Seu ser, pela Sua essência, pela Sua prática, pela Sua morte e ressurreição apontado o caminho a seguir: AMAR OS PRÓPRIOS INIMIGOS! Ele amou-nos e ama-nos incondicionalmente para uma nova condição de ser, de estar e de fazer.



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