Confesso que estes não são os meus atributos de marca. Fico fora de mim quando tenho de lidar com a teimosia e prefiro pôr um ponto final numa conversa que no meu entender não vai a lugar nenhum. A confrontação provocatória e deseducada de um aluno deixa-me em sentido e com todos os sentidos em alerta. Felizmente que principalmente nos últimos anos elas foram sendo cada vez mais raras ou mesmo inexistentes. A experiência ajudou bastante, e os alunos deixaram de me ver como um pai austero e passaram a encarar-me como um avô mais afetuoso. Ser professor é para mim uma paixão que ocupa todo o meu tempo, no todo que é a vida e ser pessoa.
Gosto de Jesus, do Seu modo incomparável e inigualável de ser e de estar, de se relacionar, de confrontar e de acolher, de perguntar e responder. Mas Jesus não é uma pessoa para apenas gostarmos, mas para vivermos, e aqui empancamos com a nossa maneira de ser, o nosso feito e a nossa forma. Pela parte que me toca nessa tensão falho em momentos chave.
Jesus lança um convite único que mais ninguém teria a ousadia de lançar a não ser Ele próprio porque é Deus connosco.
É interessante que Jesus faz referência a estes Seus atributos absolutos no contexto da transformação que Ele nos convida a experimentar e de um processo de aprendizagem para desfrutarmos de descanso. Leiamos uma vez mais estas palavras de Jesus no primeiro evangelho: “Venham a mim todos os que estão cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Levem o meu jugo e aprendam de mim, porque sou brando e humilde, e acharão descanso para as vossas almas; pois só vos imponho cargas suaves e leves.” (Mateus 11:28-30 – O Livro). Jesus lança um convite único que mais ninguém teria a ousadia de lançar a não ser Ele próprio porque é Deus connosco. Jesus alivia os cansados e oprimidos desta vida e destes sistemas político e religiosos. E apresenta-se como Aquele que o quer e pode fazer. Depois dessa manifestação de amor e de poder, Jesus apresenta-se como o Mestre de uma nova vida, cujo ensino está em conformidade com a Sua pessoa e com o Seu estilo de vida. Para isso é necessário mudar de paradigmas. Abandonar uma vida centrada, aprisionada e dominada pelo ter; para uma vida centrada no Ser de acordo com Ele que é o Criador. Jesus vive uma vida simples, confiada inteiramente ao cuidado do Pai e na força do Espírito Santo.
O Sermão da Montanha contém os princípios-chave dessa vida tranquila, e que simultaneamente está preparada para os grandes combates de oposição a um mundo do poder, da ganância, do orgulho, da vaidade, da prepotência, da meritocracia. O sermão termina com uma ilustração muito elucidativa e radical do homem sábio versus o homem insensato e a lição é bem clara: “os que escutam as minhas palavras e as seguem são sábios” Mateus 7:24ª – O Livro).
Quando o apóstolo Paulo escreve aos cristãos na Galácia e ao longo da história da igreja para todos, em todas as eras e condições: “Mas o fruto que o Espírito produz em nós é: o amor, a alegria, a paz, a paciência, a bondade, a delicadeza no trato com os outros, a fidelidade, a brandura, o domínio de si próprio.” (Gálatas 5:22,23 – O Livro).
Moisés, o líder que Deus levantou para tirar o povo de Israel do Egito, ficou conhecido pela Bíblia como o homem mais manso da terra (Números 12:3 - ARA), outras traduções referem humilde (BPT e OL), ou ainda paciente (NVI). Ainda assim numa determinada altura perdeu as estribeiras com o povo, e em vez de falar à rocha, feriu-a, ao contrário do que Deus lhe tinha dito. Por causa disso não entrou na Terra Prometida, vendo-a de longe e pisando-a com Jesus no monte da transfiguração.
Os modelos que se escolhem determinam as realidades que vivenciamos, a sociedade que alimentamos, o local de trabalho que promovemos e a família que alimentamos.
É preciso sermos ensináveis e para isso a mansidão, humildade e paciência, são essenciais. Os de nariz empertigado julgam-se muito entendidos e espertos, e não estão predispostos a aprender. Existem outros que escolhem os seus mentores de acordo com as suas inclinações e repudiam Jesus porque diz o que eles não pretendem nem, nem pôr em prática. Os modelos que se escolhem determinam as realidades que vivenciamos, a sociedade que alimentamos, o local de trabalho que promovemos e a família que alimentamos. Jesus faz o convite, a evidência da excelência do Seu ensino está na Sua pessoa e no modo como viveu entre nós. A escolha é sua!
Samuel R. Pinheiro
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