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RELACIONAMENTO – COMUNICAÇÃO – APRENDIZAGENS

Atualizado: 20 de jan. de 2022

Se existem hoje mudanças às quais precisamos atender urgentemente no contexto da igreja local, da família e dos restantes grupos aos quais pertencemos, elas estão relacionadas com relacionamentos, comunicação e aprendizagens (o modo como aprendemos).



Quem anda pela minha idade ou ainda mais, pode facilmente reconhecer como mudaram de forma radical os processos do ensino-aprendizagem. Quem não se lembra da menina dos sete olhos, da cana da índia, das orelhas de burro algumas vezes exibidas à janela da sala de aula, mesmo das bofetadas quando o Abel (um colega) não conseguia resolver uma equação e a professora lhe mandava tirar os óculos (já sabia ele e nós o que ia acontecer). Quem se atrevia ir à conversa com o senhor(a) professor(a)? Duvido que algumas pessoas tenham saudades desse tempo e julguem que esses métodos eram os mais adequados. Fomos aprendendo como pudemos, mas aprender estava associado a castigo.


Nenhuma tecnologia substituirá a relação pessoal. Apreendemos no contexto da relação pessoal.

Se existem hoje mudanças às quais precisamos atender urgentemente no contexto da igreja local, da família e dos restantes grupos aos quais pertencemos, elas estão relacionadas com relacionamentos, comunicação e aprendizagens (o modo como aprendemos). Afirmamos isto não apenas pelo resultado da investigação pedagógica, mas também de reflexões de reformadores protestantes como a de João Amós Coménio (1592-1670) que alguém chamou do “primeiro evangelista da pedagogia moderna”. Recomendamos o livro “Didáctica Magna” da sua autoria, publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian, com uma excelente bibliografia introdutória e na qual se refere que “ainda hoje ‘regressar a Coménio é progredir’”. É um manancial e ficamos de boca aberta como os princípios da educação que já estavam no projeto deste cristão do século XVII. Fazemos esta recomendação pela exigência que encontramos no texto bíblico e nos ensinadores que o Espírito Santo habilitou e de que eles se tornaram igualmente cooperadores com um trabalho metódico e rigoroso, gentil e perseverante. O professor nunca desiste. O trabalho docente é um exercício de fé que vê o invisível do que quando só Deus sabe, produzirá o seu resultado.

Nenhuma tecnologia substituirá a relação pessoal. Apreendemos no contexto da relação pessoal. Uma boa relação é facilitadora do ensino-aprendizagem, uma má relação é um obstáculo quiçá intransponível à aprendizagem. Não descartamos as tecnologias e o potencial que elas nos oferecem, mas numa experiência de quase 40 anos docente, a relação e a comunicação espontânea é essencial e determinante. A tribo Xhosa tem uma declaração muito sugestiva e que, de algum modo, está em sintonia com o evangelho: “Pessoas precisam de pessoas para serem pessoas”.

Cada um de nós aprende de uma forma diferente e com ritmos diferentes, e uma aprendizagem ativa em que os alunos participam na construção dos saberes não é apenas mais eficaz, mas é mais condizente com a natureza humana.

Cada um de nós aprende de uma forma diferente e com ritmos diferentes

No contexto da igreja local como noutros contextos é necessário fazer um bom diagnóstico para não chover no molhado, e realizar uma planificação anual que vá de encontro às competências (conhecimentos, capacidades e atitudes) que são essenciais ao crescimento na fé viva e prática, de acordo com o fundamento, autor e consumador que é Jesus. A definição de um perfil ao longo da vida no contexto da comunidade da fé, permite manter uma avaliação contínua tanto formativa quanto sumativa. O que nesta informação interessa é introduzir as mudanças necessárias para que cada um alcance o que à partida foi definido, mesmo com a sua colaboração. Se um aluno não aprendeu, o professor não ensinou; pode ser uma expressão radical e um pomo de discórdia, mas professor que é professor investe com criatividade e inovação, com resiliência e perseverança nas aprendizagens.

Uma aprendizagem desenvolvida nestes termos tendo em consideração as inteligências múltiplas e os vários métodos (expositivo / participativo, discussão, descoberta, modelação, inquérito / crítico / investigação, cooperativo) que estão relacionados com a própria organização do espaço, atingem níveis superior como a aprender a aprender, para lá do ser, do saber e do estar. Para tanto é também necessário recorrer a modos e formas de agrupamento distintos, como é o caso das ilhas, dos pequenos grupos de trabalho, círculo, disposição em U; envolvendo uma estratégia bem definida para o docente e atividades a desenvolver pelos discentes.

Existem também propostas mais arrojadas como é o caso da sala de aula invertida, em que previamente e com orientação do professor, os alunos preparam a aula, e esta torna-se um momento de partilhas da investigação que cada um desenvolveu.

Esta é uma matéria muito vasta, mas se queremos seguir na excelência do Mestre dos mestres, precisamos dar-lhe atenção na orientação e direção do Espírito Santo e em oração.



Samuel R. Pinheiro

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