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COMO ESCAPAREMOS NÓS...?

                Por muito que o homem finja que está tudo bem ele sabe que não é assim, e os factos desmentem essa possível postura e atitude. As coisas não estão bem, nem nunca estiveram ao longo de toda a História desde que nós nos conhecemos. O homem não está bem! Cada um de nós sofre dessa disfunção, dessa desestruturação da nossa essência, melhor dizendo, de morte espiritual que é separação de Deus e, logo, da essência segundo a qual Ele nos criou, ao qual corresponde um sentido, um desígnio e um propósito. Em primeiro lugar está a corrução do ser, e daí resultam consequências nas várias dimensões da vida humana – física, emocional, afetiva, volitiva, da consciência, dos relacionamentos… A Bíblia designa esta realidade de pecado e as correspondentes ações de pecados. O problema é espiritual, e a partir daí é ético, abrangendo a vida na sua totalidade.

                Para alguns outros não há nada a fazer, as coisas são mesmo assim. É este o nosso fado, a nossa sorte, o destino de cada um. As religiões, por seu turno, apresentam cada uma a sua própria proposta que na generalidade dos casos tem um pendor ritual e ético, alimentando a ideia de que é o homem que tem de se salvar a si próprio.

                Todos nós somos igualmente pecadores. Uns podem pecar de uma forma e outros de outra, mas todos nós estamos nessa condição. Nenhum de nós conhece a amplitude do que representa essa situação. Nenhum de nós sabe como eram os nossos primeiros pais no Jardim do Éden. O que nós temos hoje como evidente é que a vida que levamos não nos satisfaz, não somos efetivamente o que fomos criados para ser. Temos dentro de nós essa impressão, esse sentido de fracasso, de falhanço, de errar o alvo. Pressentimos que fomos criados para uma dimensão que perdemos. A Bíblia diz-nos que fomos destituídos da glória de Deus. Há um vazio dentro de nós que só o próprio Deus pode preencher, e a vida eterna que através de Jesus recebemos só a iremos viver plenamente nas moradas que Ele nos foi preparar. É fácil também de percecionar que não fomos criados para a morte, seja ela física ou espiritual. Aspiramos por uma Pátria superior, por uma outra vida, por outra cidadania. Em Jesus Cristo somos feitos filhos de Deus.

                O título que escolhemos para este texto é retirado da Bíblia Sagrada, do livro aos Hebreus (2:3) – “como escaparemos nós, se negligenciarmos uma tão grande salvação?”. É uma pergunta sem resposta porque o problema do homem tem uma tal gravidade que só Deus o podia resolver, essa resolução só podia passar pela cruz, ou seja pela morte do próprio Deus feito homem. Esta decisão divina é uma afronta ao homem na sua soberba. É sugestivo verificar que o que Deus não teve relutância em realizar o pecador tem aversão em aceitar. Recusando a soberania divina apresentada de forma estranha através do serviço que Ele presta ao homem como O servo, dando a Sua própria vida, o homem torna-se tantas vezes prepotente, carrasco de si mesmo, prisioneiro, alienado.

                A salvação foi preparada ainda antes da fundação do mundo, muito antes de Adão e Eva terem pecado, foi assegurada após a desobediência do homem, figurada através dos sacrifícios oferecidos ao longo de toda a história do povo de Israel, e, finalmente, consumada uma vez por todas através de Jesus Cristo. A salvação já foi realizada. O que nós temos é de reconhecer que precisamos ser salvos, senão estaremos irremediavelmente perdidos, aceitar essa salvação com uma atitude de sentido pesar pelos pecados cometidos, conversão e compromisso em viver uma nova vida mediante o poder que o Espírito Santo confere.

                Numa linguagem um pouco menos hermética tudo se resume na reconciliação do homem com Deus e consigo próprio e os seus semelhantes, através da cruz que representa perdão, amor, graça, serviço. Fomos criados para ser assim – pessoas cuja essência é impregnada do amor a Deus e ao próximo, como a nós mesmos, por enquanto como um mandamento mas um dia destes como o fluir espontâneo do coração cheio da presença divina e sem qualquer vestígio de egoísmo e rebeldia.

 

Samuel R. Pinheiro
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